segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Juscelino Brasiliano Roque, empresário e atual provedor da Santa Casa de Caridade de Diamantina

Seu nome é uma homenagem a um ilustre diamantinense e sua maior obra: Juscelino e Brasília. De família simples e humilde, filho mais velho entre os sete irmão, começou a trabalhar bem cedo em busca de melhores condições de vida para a sua família. Nas mais variadas funções e empregos, aprendeu os segredos do comércio e tornou-se empresário de destaque na cidade. Foi presidente  da Associação Comercial e Industrial de Diamantina e atualmente é o provedor da Santa Casa de Caridade de Diamantina.

Demonstrando uma preocupação com as causas sociais e sensível à cultura, Juscelino Roque  conta um pouco de sua trajetória, fala sobre os desafios de gerenciar as importantes mudanças na Santa Casa de Diamantina e nos faz refletir sobre as dificuldades e perspectivas para o desenvolvimento de Diamantina.

 

Passadiço Virtual: Juscelino, por favor, conte-nos um pouco de sua trajetória de vida, formação e atuação profissional. (Pretendo usar essa parte para fazer uma apresentação do entrevistado).

imageJuscelino: Nasci em Diamantina no dia 21 de abril de 1960, mais velho de sete irmãos. Filho de Antônio Roque Sobrinho, funcionário público, seresteiro, violonista, e Etelvina Vita Roque, do lar. Desde menino já assumi o papel de ajudar meus pais na formação, criação e sustento da família. Era impressionante, todo ano a fila crescia, era mais um irmão chegando.

As dificuldades eram imensas, pois funcionário público dificilmente podia confiar numa data segura para receber um salário que já era insuficiente. O que ajudava bastante era o quebra galho de serviço de bombeiro hidráulico do meu pai e eu de ajudante. Quando sobrava tempo, eu era engraxate, vendedor de picolé, de esterco, às vezes também jardineiro e ainda fazia cobrança de consulta médica para o Dr. Giovanni Pereira. Minha mãe, muito religiosa, em meio a todas as dificuldades, conduzia nossa criação sempre rezando e pedindo a Deus para a vida melhorar. Ela nos dizia sempre: Paciência, fé em Deus e disciplina!

Meu avô, Ernesto Roque dos Santos, seresteiro e amigo de Juscelino Kubitschek, quando eu nasci, resolveu fazer uma homenagem ao presidente da República, que estava naquele dia inaugurando a capital federal. Nasci junto com Brasília. O nome Juscelino foi uma homenagem ao presidente e Brasiliano em homenagem a Brasília. Ainda me lembro do meu avô sempre falando comigo que temos um erro histórico no Brasil com relação à nossa nacionalidade: Quem nasce no Brasil deveria ser brasiliano e não brasileiro. Brasiliano, da mesma forma que americano, pois brasileiro, dizia ele, estava mais para nome de profissão, da mesma forma que pedreiro, carpinteiro e outros mais.

Cresci percebendo bem de perto a cultura da dança, da música e da serenata, mas convivi mesmo foi com o trabalho, pois era através dele que matava um pouco do nosso sofrimento, pois nos faltava quase tudo, menos a fé e a esperança. Minha mãe, quase sempre com a saúde debilitada. Por isso, de tempos em tempos, acabei sendo enfermeiro, cozinheiro e tudo o mais. Meu pai, demasiadamente austero, não aceitava falhas. Aprendi desde cedo que para sobreviver teria que enfrentar com firmeza todos os desafios do cotidiano.

Estudei no Grupo Júlia Kubitschek, Escola Normal e depois no Colégio Diamantinense, onde me formei em Contabilidade. Convivi com professores excepcionais. Cheguei a iniciar o curso de Letras na Faculdade de Filosofia, mas não tive condições financeiras para continuar. No entanto sempre participei, e continuo participando, de outros tantos cursos, que acrescentaram muito para a minha formação profissional. Tive oportunidade do meu primeiro emprego na loja do Sr. Leandro Costa, D. Lígia Dayrell e Sr. Moacir Guerra, foi onde comecei a minha melhor formação comercial. Depois, fui vendedor de jóias durante um bom tempo. Viajava para o norte e nordeste do país, onde graças a Deus, aprendi a enxergar o mundo de forma mais ampla, devendo também essa oportunidade ao saudoso Senhor Tôra Pires.

Mas o que me influenciou comercialmente foi o meu primeiro emprego, daí, com muito trabalho e disciplina, iniciei meu comércio de veículos, que é o meu ramo de negócios até hoje. Atualmente a administração está a cargo do meu filho Fabrício. Casei-me, tenho três filhos e um neto. Mesmo hoje, continuo sendo responsável, de alguma forma, em guiar a família.

 

Passadiço Virtual: como atual provedor da Santa Casa de Caridade de Diamantina, como você avalia a saúde desta “senhora” que acaba de completar 222 anos de grandes serviços prestados á comunidade? Qual o futuro da Santa Casa? Que mudanças e investimentos estão sendo feitos durante sua gestão?

Juscelino: Com relação à Santa Casa de Caridade, posso lhe afirmar que esta “senhora” é Santa e Caridosa, é digna de todo o nosso louvor. Esta instituição, fundada em 1790, tem uma história extraordinária de serviços prestados ao ser humano, é um verdadeiro patrimônio da saúde no Vale do Jequitinhonha e que, com certeza, só chegou neste patamar com o trabalho de todos os seus ex-provedores, diretores, profissionais da saúde, funcionários, voluntários e colaboradores.

A todo o momento ela vem se preparando para os desafios e as exigências do dia a dia. Tem-se mostrado saudável e equilibrada, com o olhar voltado para o futuro principalmente. Hoje a Santa Casa é a maior empresa privada filantrópica do Vale do Jequitinhonha, com mais de 300 funcionários qualificados. Portanto, torna-se um imenso desafio conduzi-la de forma digna para o cumprimento de sua missão, impedindo os assédios temporários das facções partidárias, que por vezes somente trazem o caos e o atraso em todo o processo de desenvolvimento da Santa Casa.

Quanto à segunda parte da sua pergunta, que se refere mais especificamente à minha gestão, prefiro falar sem nomear, para não valorizar apenas o que está acontecendo momentaneamente, pois muitas coisas que hoje se tornaram realidade são consequências naturais do empenho de outros provedores e diretorias que me antecederam. Tenho que reconhecer que essa situação foi uma ferramenta importantíssima para o sucesso desta atual gestão, onde, certamente, estou cumprindo minha missão também. Ouso inclusive citar o nome do Dr. José Aristeu de Andrade, que tem sido para mim um espelho maravilhoso. Mas, a título de informação, posso citar algumas ações que, no meu entendimento, estão consolidando Diamantina como referencial macro da saúde no estado de Minas Gerais:

  • Duplicação do CTI, para 20 leitos; (Convênio com o governo do Estado de Minas Gerais);
  • Criação do GGA – Grupo Gestor Administrativo da Santa Casa, com o objetivo de dar mais mobilidade, agilidade e dinamismo na gestão da instituição;
  • Conquista do credenciamento da alta complexidade para neurocirurgia;
  • Contratação da IAG, uma empresa de acreditação hospitalar, com o objetivo do aperfeiçoamento constante dos vários setores da Casa;
  • Implantação de um organograma de setorização da Casa;
  • Implantação de exame seletivo para o preenchimento de vagas no quadro funcional, tirando a possibilidade de interferências políticas partidárias e valorizando a capacidade de cada concorrente;
  • Sistema de ouvidoria permanente;
  • Valorização do programa do governo do estado de Minas, Prohosp, buscando equipar a Casa no seu parque tecnológico;
  • Parceria com a empresa Axial, que resultou na instalação da ressonância magnética;
  • Convênio já assinado com a Reitoria da UFVJM para transformação da Casa em Hospital de Ensino;
  • Convênio, com a participação da reitoria da UFVJM, já assinado com o estado de Minas Gerais no valor de R$ 7.000.000,00 (sete milhões de reais) visando ajudar na adequação da Casa para receber o curso de Medicina e estágios em áreas afins. Isso irá resultar num impacto imenso na área física da Santa Casa, com melhoria do seu parque tecnológico, duplicação da hemodiálise e aumento do seu número de leitos;
  • Restauração do prédio do primeiro hospício de Minas, que estava em ruínas;
  • Já iniciamos o processo de implantação da hemodinâmica, que será uma realidade muito em breve, pois todo o maquinário já se encontra dentro da Santa Casa. Um avanço muito grande para o Vale do Jequitinhonha, pois a Santa Casa estará habilitada a executar intervenções cardíacas;
  • Já estamos em estágio avançado de negociação com uma empresa para implantação de uma clínica oncológica, que beneficiará muito o Vale do Jequitinhonha com o tratamento de câncer;
  • Por fim, temos vários projetos em andamento com o poder público, municipal, estadual e federal.

Com essas realizações, a Santa Casa vem-se despontando, até porque estou tendo o privilégio de contar com uma diretoria competente, médicos e funcionários capacitados para exercer com profissionalismo e empenho suas funções, em sintonia com a missão de nossa instituição.

 

Passadiço Virtual: quais são os grandes desafios e as perspectivas da Santa Casa de Caridade diante da previsão de implantação do Curso de Medicina da UFVJM?

Juscelino: Já prevendo as dificuldades, principalmente para a residência médica dentro da instituição, tivemos que fazer várias adaptações no Estatuto, uma das principais foi a participação de membros da UFVJM no Grupo Gestor, o que já está proporcionando grandes conquistas e avanços para a saúde do vale. Outro grande desafio é a adequação do espaço físico, já que estamos falando de uma “senhora” de 222 anos que, para sobreviver, não poderá fugir do processo de modernização em vigor. Novos complexos terão que ser construídos, outros, por sua vez, passarão por dificuldades para serem reformados, visto que sua estrutura ainda mantém o sistema original de pau à pique.

O sucesso de uma instituição depende, dente outros fatores, de um bom relacionamento interno de seus variados setores. Nesse sentido, é imprescindível que se mantenha uma relação profícua e de excelente convívio entre a parte de ensino da Universidade e a parte funcional do dia a dia da Santa Casa. Paralelo a isso, haverá também o desafio de não se desviar o foco da missão caritativa e filantrópica que regeu a Santa Casa por mais de dois séculos. Penso que o caminho é se usar o assistencial como elemento incentivador do ensino, já que o que se propõe como perfil para o curso de Medicina em Diamantina é a valorização da atenção básica à saúde.

 

Passadiço Virtual: no período de 2001 a 2005 você foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Diamantina (ACID) e também é um empresário de destaque na cidade. Com sua experiência e conhecimento, como você vê o atual estágio de desenvolvimento econômico da cidade? Estamos no rumo certo de desenvolvimento?

Juscelino: Tive a grata satisfação de frequentar a “escola” da ACID, que me projetou para assumir a vice-presidência da FEDERAMINAS como cargo acumulado. Na gestão da ACID, tive também a oportunidade de contar com uma diretoria formidável, voltada para os interesses maiores do nosso comércio, preocupada com os destinos de nossa querida Diamantina. Firmamos grandes parcerias, desenvolvemos um trabalho focado na interação das várias instituições da cidade. Experimentamos grandes resultados, como:

  • promoção de cursos, palestras, encontros e seminários;
  • implantação do sistema de vigilância eletrônica no centro histórico, em parceria com o poder público municipal, empresários locais e o 3º Batalhão da Polícia Militar;
  • mudança da estrutura do carnaval no centro histórico, em parceria com o poder público;
  • participação dos diretores nas comissões organizadas em diversos setores de nossa comunidade;
  • ajudamos a organizar as grandes cavalgadas que projetaram Diamantina no cenário nacional (Diamantina – Porto Seguro, Brasília – Diamantina e Diamantina – Parati);
  • modernizamos o perfil do prédio para melhor atender aos nossos associados;
  • mantivemos uma excelente parceria com o SEBRAE, o SENAC, o poder público diamantinense e outros, por meio das quais realizamos inúmeras ações que contribuíram de forma eficaz para a capacitação e o desenvolvimento do comércio local. A consequência direta disso foi a implantação do SENAC na cidade.

Temos que reconhecer que a ACID é uma das grandes ferramentas para o desenvolvimento local, no entanto existe a necessidade de uma interação maior dos vários setores da nossa organização social, para que o resultado geral seja satisfatório. Há muitos anos acompanho o desenvolvimento econômico da cidade. Percebo que existem iniciativas boas, mas muitas vezes isoladas, outras vezes direcionadas por vaidades momentâneas, outras vezes amadoras, sem um foco coletivo capaz de alavancar os mais variados setores de forma mais vigorosa. Portanto, vejo que falta um ordenamento de nossas ações, e falta a construção de planejamentos, para melhor aproveitamento do imenso potencial econômico, histórico e cultural que a cidade tem. Acho que há uma necessidade urgente de um debate amplo, para identificarmos aonde queremos realmente chegar.

 

Passadiço Virtual: diferentemente de grande parte dos empresários, você mostra uma preocupação e um envolvimento muito grande em ações sociais e de voluntariado. Por isso, alguns falam que você tem pretensões político-partidárias. Como você encara essa situação. Conte-nos um pouco dessas ações sociais?

Juscelino: Tenho 52 anos de idade, dos quais, mais de 30 de dedicação à área social, aprendi isso desde muito jovem, no seio de minha família. Acho importante, como ser humano, devolver um pouco da providência com que Deus me abençoou, à nossa comunidade, visando à melhoria de vida de todos nós. Muitas vezes me afasto de forma até perigosa de minha empresa, chegando a ser chamado atenção por minha família e alguns amigos. Tenho consciência de que estou fazendo a minha parte, dentro das minhas limitações, mas tenho a certeza também de que isso só me faz crescer, pois venho aprendendo bastante, pois é muito saudável o trabalho na área social.

Sempre me envolvi nas questões sociais, contribuindo com ações objetivas, sem maiores pretensões. Por exemplo, participei durante vinte anos, desde muito jovem, da Sopa de São Francisco para os pobres, junto com o Sr. José Paulo da Cruz e D. Edith. Dentre tantas outras ações, nos últimos tempos, fui presidente e um dos fundadores da APAC – Associação de Proteção e Assistência ao Condenado. Quando me afastei da APAC, tive o cuidado de entregá-la devidamente registrada e com um terreno de 5 hectares, doado por um detento, para construção de sua futura sede. Hoje respondo também como presidente do Conselho da Comunidade da Comarca de Diamantina, que é instituído por lei, para ajudar na execução e na fiscalização da pena. Tenho a grata satisfação de trabalhar nesse Conselho com pessoas de extremo valor humano na cidade, como por exemplo, a Dona Nina. Como se vê, envolver com as ações sociais, sempre foi uma rotina na minha vida.

Justamente talvez por essas ações, já por algum tempo, toda época de eleição meu nome é lembrado, o que me deixa até honrado. Mas, diante do contexto político partidário diamantinense, não consegui ainda fechar uma decisão sobre essa questão. Discordo muito da forma como as coisas se desenrolam, acho que prevalece um imediatismo grande, quase sempre falta planejamento e ouso até dizer que falta inclusive responsabilidade em muitos casos. Pelos discursos, a gente percebe que no geral prega-se uma ilusão imensa de quatro em quatro anos. É preciso lembrar e amar Diamantina durante todos os dias.

Portanto, no momento, prefiro continuar trabalhando com o social.

 

Passadiço Virtual: o projeto de restauração do prédio do “hospício da Diamantina” é certamente uma das mais importantes obras em realização na cidade. Parece-me que algumas tentativas foram feitas anteriormente, mas não deram certo. Por que o projeto atual está conseguindo concretizar esta recuperação? Quais são as grandes dificuldades para viabilizar esse projeto? Como a sociedade pode colaborar com esta iniciativa? Vocês já têm uma definição do futuro desse prédio?

 

imageJuscelino: Quanto à restauração do prédio do hospício, que bom que você está sensível em relação à importância da recuperação deste patrimônio, que até pouco tempo, não fazia parte do acervo paisagístico de Diamantina, estava esquecido como monumento. Por exemplo, não se via o prédio do hospício em fotos da cidade. Diamantina vai, a partir de agora, incorporá-lo de fato em seu conjunto arquitetônico.

Realmente houve outras tentativas de restauração do prédio, diga-se de passagem, todas com a mesma intenção que nos absorve agora. Ao analisá-las, procurei entender porque não haviam vingado, apesar de todo esforço das pessoas envolvidas. Estando o prédio em ruínas, na iminência de desabar, decidi, juntamente com o Grupo Gestor da Santa Casa, que deveríamos definir um estratégia urgente, que garantisse a sua sobrevivência. Optamos por um caminho não convencional, já que eu me sentia com habilidade na área de construção e restauração para conduzir essa empreitada, pois muitos entendidos desse segmento chegaram a afirmar que seria impossível e uma loucura tentar recuperá-lo.

Não deixou de ser uma loucura, pois juntei uma turma que já trabalhava comigo em obras de minha propriedade e lancei para eles o desafio. Anteriormente, alguns já haviam trabalhado comigo na empreitada que conduzi para restauração daquele antigo muro de adobe que estava, durante anos, declinando sobre o passeio, ameaçando desabar sobre os pedestres. Contei a história e a importância do prédio do hospício, fundado em 1891, e isso foi um grande motivador para que os trabalhadores abraçassem a causa. Alguns até falaram que havia histórias tenebrosas sobre o prédio, como espíritos, doenças e outros fantasmas do imaginário. No princípio, ainda teve caso de trabalhador que abandonou o serviço, dizendo que não trabalharia ali por dinheiro algum, exatamente por essas crenças.

imageJuntamente a essas atitudes, decidi que não faria um projeto arquitetônico como das outras vezes, pois não haveria tempo hábil, antes do período chuvoso. Seria o fim. Mas para justificar a restauração do prédio e sensibilizar a comunidade, recorri ao meu amigo Wander Conceição e encomendei a ele um projeto histórico-cultural que identificasse a sua importância. Resolvemos fazer a restauração do prédio do hospício seguindo o mesmo caminho escolhido para sua construção, que teve início em 1888, pelo comendador Brant, então provedor. Utilizamos um pequeno recurso financeiro da Santa Casa e recorremos à comunidade através de uma campanha de doações.

Agora, com certeza, a grande dificuldade que sempre nos perseguiu continua sendo a falta de recursos financeiros. A campanha de doações continua aberta, e essa é a maneira que a comunidade pode nos ajudar. Quero até aproveitar esse espaço, que você está me oferecendo no Passadiço Virtual, para reforçar nosso pedido de ajuda, enumerando as contas abertas para esse fim, registrando ainda que emitimos um boletim mensal com todas as informações que envolvem a restauração:

 

 

  • Banco do Brasil Ag. 0344-1 c/c 111.222-8
  • Bradesco Ag. 1861-9 c/c 5.841-6
  • Caixa Federal Ag. 0112 c/c 780-7 op. 03
  • Banco Itaú Ag. 3088 c/c 00614-7
  • [LOUCURA É NÃO AJUDAR]

Quanto ao uso do prédio, já está definido, passaremos para aquele local a sede administrativa da Santa Casa. Onde funciona atualmente a administração, o espaço será cedido para a Residência Médica da Faculdade de Medicina da UFVJM.

(Clique aqui para acessar o documento do Projeto de Restauração do Hospício de Diamantina)

 

Passadiço Virtual: que propostas você gostaria de ouvir de nossos candidatos a prefeito e vereador nestas eleições? Como cidadão e empresário, o que você espera do próximo prefeito e da câmara de vereadores que será eleita?

Juscelino: Gostaria de ouvir propostas que fossem coerentes com seus referidos cargos, que de fato fossem reais e pudessem ser colocadas em prática, sempre identificadas com a importância de uma cidade singular, que conquistou o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. E para que isso prevaleça é muito necessário que as vaidades não sejam o principal elemento condutor do processo político. Inclusive, dentro desse espírito, da mesma forma que fiz quando estava à frente da Associação Comercial, já convidei os candidatos a virem à Santa Casa para que eles tenham a oportunidade de divulgarem suas propostas para a área da saúde, principalmente em relação aos nossos projetos e nossas propostas de crescimento.

Espero que, tanto o prefeito quanto os vereadores eleitos, tenham a percepção da imensa responsabilidade que os cargos exigem, pois a cidade dependerá de suas atitudes e ações para alcançar o processo de desenvolvimento qualitativo e equilibrado que os cidadãos merecem. Há um conceito errado já de muitos anos, pois é de praxe se perguntar o que as instituições podem fazer para ajudar o candidato a se eleger. Penso que deve prevalecer o inverso: O que os candidatos, se eleitos, podem fazer pela Santa Casa?

 

Passadiço Virtual: percebo que você tem apoiado algumas manifestações artísticas e culturais de Diamantina. Como você vê o patrimônio cultural e artístico de Diamantina? Em sua opinião, como ele vem sendo percebido e apropriado pelas pessoas e pela sociedade de uma forma geral?

Juscelino: Na medida do possível, sempre apoio algumas ações culturais sim, já que acredito piamente que a cultura, o turismo e a educação deveriam ser o tripé de sustentação do nosso desenvolvimento.

Com relação ao nosso patrimônio cultural e artístico, vejo que Diamantina não foi escolhida cidade patrimônio do mundo apenas pela singularidade de seu conjunto arquitetônico, mas, principalmente, pelos seus valores humanos que conseguiram se desenvolver com magnitude, cultura e arte ímpar, num lugar distante dos centros mais evoluídos.

Sobre a percepção do título pelas pessoas, acho que precisamos promover um profundo debate e eleger, logicamente, o nosso passado como espelho para mudar essa visão míope, essa pouca percepção da importância de nosso título patrimonial e o porquê da necessidade de sua manutenção. Penso que várias das ações tomadas até hoje contemplam apenas o imediatismo e a satisfação ilusória e pequena do ganho financeiro fácil, comprometendo assim todo o sistema de desenvolvimento da cidade, como também, contribuindo para a perda de nossa identidade. Se não conhecermos quem somos, como iremos saber aonde vamos chegar?

 

Passadiço Virtual: agradeço profundamente a sua generosa contribuição com o Passadiço Virtual. Registro aqui meus parabéns pelo trabalho desenvolvido e deixo o espaço para suas considerações finais.

Juscelino: Já vejo a Universidade, através de seus agentes das mais diversas áreas, influenciando positivamente o destino de Diamantina, e isso é irreversível. Essa sua iniciativa de produzir o Passadiço Virtual está contribuindo, com certeza, para diminuir o distanciamento entre as informações. Quero deixar registrado que continuarei desenvolvendo meu trabalho social, apesar de ainda existir preconceito e desconfiança contra quem trabalha nessa área. Vejo esse tipo de trabalho como uma missão, pois acredito que Deus me colocou aqui não somente para passar de passagem pela vida, mas para contribuir com a existência humana. Além de me sentir feliz, por estar sendo útil à sociedade de alguma forma, penso que esta é uma maneira de tentar contaminar outras pessoas para terem a coragem de sair de sua zona de conforto. Agradeço imensamente pela oportunidade que me foi aberta e estarei sempre pronto a atendê-lo dentro das minhas limitações! Obrigado!

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